sábado, 3 de março de 2012

Proposta Pedagógica para Cursos em Educação a Distância.

Introdução:
A proposta pedagógica em questão visa o estudo da oferta de cursos de ensino superior em Educação a Distância (EAD) quanto da sua elaboração estrutura e particularidades, frente aos cursos presenciais de nível superior.
Partindo do pressuposto que esta modalidade de ensino-aprendizagem permite a separação temporal entre os atores do processo educacional, bem como auxilia no processo de inserção social e propagação do conhecimento individual e coletivo, tal modalidade se integra totalmente às exigências da sociedade atual (ALVES, 2011).
“A EAD é uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação” (MATTAR, 2011, p. 03).

             Portanto faz-se pertinente o saber que, na modalidade a distância, segundo Faria (2010), citado por Alves (2011), o aluno é um sujeito ativo do processo e responsável pela própria construção de seu conhecimento.
Os cursos ofertados a distância devem, portanto, propor metodologias que permitam ao aluno mobilizar, construir, elaborar e expressar sinteticamente a construção do seu conhecimento.
Cabe ressaltar que com os avanços tecnológicos e o crescimento explosivo da internet por volta de 1995, aumentou-se de forma significativa a oferta de cursos a distância (MATTAR, 2011).
A demonstração de uma visão macro de elaboração de propostas pedagógicas, neste trabalho, dar-se-á por um  modelo prático de  abordagem do curso de Administração com ênfase em Recursos Humanos da disciplina de Avaliação de Desempenho.
As mídias sociais que serão utilizadas na oferta do curso, a necessidade de equipe multidisciplinar, a produção do conteúdo programático do curso, os  materiais didáticos, a ocorrência dos processos de avaliação e   a importância do papel do tutor no processo de ensino e aprendizagem em EAD bem como a prática tutorial através das novas formas de interação on-line  serão aqui descritas.
A proposta a seguir apresenta-se fundamentada nas Leis das Diretrizes e Bases e nos Referenciais de Qualidade em EAD.

Objetivos
Gerais: Apresentar proposta Pedagógica para cursos de EAD.
Específicos:                                           
Elaborar uma proposta pedagógica para o curso de Administração com ênfase em Recursos Humanos na disciplina de Avaliação do Desempenho;
Apresentar a sugestão de produção do conteúdo, material didático e o processo avaliativo do curso;
Apresentar a importância do papel do tutor bem como descrever a prática  de suas das atividades.

Proposta Pedagógica.
Diferentemente dos cursos presenciais, “onde o professor é o centro, para uma aprendizagem mais participativa e integrada” (MORAN, 2011, p.2), o aluno da EAD, exerce um papel mais ativo e autônomo.
A elaboração das propostas pedagógicas devem ser preparadas com metodologias que se apresentam eficaz nesta modalidade de ensino.
Segundo Preti (s/d), citado por Alves (2011), a aprendizagem transpõe a distância temporal ou espacial uma vez que faz uso das tecnologias unidirecionais (um-a-um, um-em-muitos) que eliminam a distância e constroem interações humanas nos ambientes virtuais.
 Segundo o mesmo autor, esta “presencialidade cibernética” nos ambientes de aprendizagens, permite que através da interação e cooperação, professores a alunos aprendam juntos.  
 Vygotsky, citado por Alves (2011, p.4), afirma que “o desenvolvimento humano acontece por processos mediados e a educação e o ensino são importantes na aquisição de patamares mais elevados de desenvolvimento”.
Assim podemos entender que cada pessoa é um ser social e relacional participante de um processo histórico. Portanto, o processo de ensino-aprendizagem envolve tanto o que ensina quanto o que aprende (ALVES, 2011).
Já para Piaget, também citado por Alves (2011), a construção do conhecimento acontece por um processo de assimilação e acomodação de cada indivíduo, ou seja, quando este é colocado diante do desconhecido assimilando novas informações e passando a ter seus conhecimentos modificados.  O indivíduo chega então ao equilíbrio, construindo um novo conhecimento. Este processo é dinâmico e cíclico, ocorrendo todas as vezes que o mesmo é colocado frente ao novo.
A proposta pedagógica dos cursos ofertados a distância devem abranger metodologias, que despertem no aluno a capacidade de se mobilizar, construir, elaborar e expressar sinteticamente a construção do seu conhecimento (VASCONCELOS, 1993) apud Alves (2011).
Diante deste grande desafio, encontrar a melhor maneira de apresentar os conteúdos a serem trabalhados, de forma a atender a flexibilidade das dimensões de tempo e espaço bem como dos aprendizes, deve resultar no aprendizado efetivo (ALVES,2011).
Arquitetura Pedagógica:

Os cursos de EAD devem ser planejados antecipadamente. Os objetivos da aprendizagem, a organização do tempo e do espaço, bem como a atuação dos participantes são os elementos do planejamento da proposta pedagógica.
O material instrucional, seu conteúdo e outros elementos utilizados na construção do conhecimento, bem como os aspectos metodológicos e tecnológicos devem ser pensados.
Segundo Alves (2011, p.10):
“A estrutura da Educação à distância exige a preparação de material didático específico, a integração de mídias e a presença de uma equipe multidisciplinar para fazer a estrutura funcionar. Na EAD, é necessário o acompanhamento do aprendizado e da avaliação do aluno de forma especial, ou seja, com um atendimento diferenciado e de qualidade”. 

A seguir apresenta-se um modelo passível de ser utilizado em EAD, levando em consideração a arquitetura pedagógica do curso apresentado.
A estrutura do curso em EAD

Curso: Administração em Recursos Humanos.
Disciplina: Avaliação do desempenho.
Mídia Social:  Blog e Facebook.
            Através da criação de um Blog específico do curso de Administração com Ênfase em Recursos humanos e da utilização do Facebook, procura-se construir um ambiente colaborativo e aberto  para os alunos matriculados no curso em questão.
             O Blog  será  visualizado apenas por seus seguidores uma vez que nas configurações desta ferramenta há a possibilidade  de limitar as visualizações do blog por usuários habilitados.
            A página inicial trará as informações gerais sobre o curso e um vídeo de ambientalização explicativo que auxilia o aprendiz a navegar  nesta ferramenta.
Por exemplo: O vídeo explica que o texto de interesse do aluno pode ser rapidamente visualizado através do Navbar de pesquisa. 
Os textos são postados semanalmente pelo professor, gerando um caráter de atividade ao blog e o tornando muito mais interessante para fomentar a discussão através dos comentários dos integrantes do grupo no fórum. Todas estas atividades devem ser acompanhadas de perto pelo tutor a distância que deve mediar às discussões, tirar possíveis dúvidas, ou seja, orientar os  alunos quanto ao processo de interatividade  da EAD para que a construção do conhecimento alcance os resultados propostos.
            O Facebook, será utilizado como prática pedagógica, fomentando ainda mais a interação de todos com todos. Por ser uma ferramenta de fácil utilização para os usuários  e apresentar  groupware,            através de ferramentas como HTML, fórum, email de mensagens, chat, vídeos gravados e até mesmo a possibilidade de transmissão ao vivo de aulas via satélite, demonstra-se uma interessante ferramenta quanto as redes sociais no processo educacional.
            Segundo Klix (2011),  o  professor José Armando Valente afirma em entrevista concedida a autora que,  as redes sociais utilizadas como prática pedagógica só se tornariam uma realidade caso passassem a integrar o currículo escolar. Sendo assim, o modelo aqui apresentado teria esta característica.
Num curso de EAD, segundo Piscitelli e Adaime (2010), citado por Mattar (2011, p.8), “... o que importa não é tanto os conteúdos, nem os meios ou suportes, mas uma reengenharia dramática do espaço áulico”.
Definição da Equipe Multidisciplinar.
Segundo o Ministério da Educação a Distância – MEC (2011) a composição dos recursos humanos necessários à estruturação e funcionamento de cursos EAD segue três categorias profissionais essenciais para uma oferta de qualidade.
Docentes;
Tutores;
Pessoal técnico administrativo.
Cabe aos docentes:
Estabelecer os fundamentos teóricos do projeto;
Selecionar e preparar todo o conteúdo curricular articulado ao procedimentos e atividades pedagógicas;
Identificar os objetivos referentes as competências cognitivas, habilidades e atitudes;
Definir bibliografia, videografia, icnografia, audiografia tanto básicas quanto complementares;
Elaborar o material didático para programas a distância;
Realizar a gestão acadêmica do processo de ensino aprendizagem, em particular motivar, orientar, acompanhar e avaliar os estudantes;
Avaliar-se continuamente como profissional participante do coletivo de um projeto de ensino superior a distância.
Tutores:
O tutor deve ser compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. O tutor deve contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino aprendizagem bem como no acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico.
Um sistema de tutoria de qualidade prevê a atuação de profissionais que ofereçam tutoria a distância e tutoria presencial.
É atribuição do tutor a distância esclarecer dúvidas, fomentar a discussão pela internet, ou outro meio de comunicação, participar de videoconferências, entre outros, desde que de acordo com o processo pedagógico do curso e participar dos processo avaliativos de ensino aprendizagem.
O tutor presencial atende aos estudantes nos pólos, em horários pré-estabelecidos. Tem conhecimento do projeto pedagógico do curso, do material didático e do conteúdo específico para auxiliar os estudantes. Participa das avaliações nos momentos presenciais das mesmas, supervisiona aulas práticas em laboratórios e estágios supervisionados, quando se aplicam.
Corpo técnico Administrativo:
Tem por função oferecer apoio necessário para a plena realização dos cursos ofertados, atuando na sede da instituição junto a equipe docente responsável pela gestão do curso e nos pólos dando apoio presencial.
Destaca-se nesta equipe de profissionais o Coordenador do pólo de apoio presencial como principal responsável pelo bom funcionamento dos processos administrativos e pedagógicos que se desenvolvem na unidade da instituição.
Estes profissionais, segundo Alves (2011, p. 2) “devem ter a capacidade de trabalharem numa visão de totalidade sem anular o saber individual diante do saber coletivo”.
Especificando as três categorias de profissionais da equipe multidisciplinar segundo Fabri e Carvalho (2005), citado por Alves (2011), esta equipe multidisciplinar deve ser composta de profissionais que integram os suportes tecnológicos, acadêmicos, logístico, pedagógico e a produção de mídias do curso ofertado.
A distribuição de uma equipe gestora que se subdivide em coordenadorias (administrativa, pedagógica, tecnológica, de cursos e de pólos) são amplamentes necessárias ao desenvolvimento da EAD. A estrutura da EAD apresenta-se complexa em todas as suas diretrizes frente a proposta pedagógica do curso.
    Objetivos da proposta Pedagógica
O Objetivo do curso tem por finalidade Levar o aluno a refletir sobre a utilização dos talentos e das competências rumo aos objetivos pretendidos pela organização.
Proposta pedagógica
As aulas serão ministradas a distância por videoconferência e ocorrerá nos pólos com a presença de tutor presencial, em dias e horários pré-determinados na semana.           
Através de chat, será possível fazer perguntas ao professor quanto a questionamentos bem como tirar dúvidas em tempo real.
Caso o aluno não tenha disponibilidade de participar das videoconferências, esta será gravada e disponibilizada pelo Facebook.
Os textos com o conteúdo da disciplina a ser estudada, serão expostos via Blog. Links de direcionamento a outros textos da internet, que servirão como leitura complementar,  poderão ser acessados diretamente sem que o aluno precise sair da página que se encontra.
O tutor a distância fará a mediação dos alunos quanto as atividades de autodesenvolvimento bem como as atividades colaborativas propostas pelo professor que devem ser desenvolvidas pelo Blog, no fórum.
O tutor a distância também estará a disposição do aluno em tempo real pelo Facebook,  em dias pré determinados e divulgados para orientar, tirar dúvidas quanto ao conteúdo ou quanto a própria forma de navegação dos ambientes virtuais utilizados para a aprendizagem.
O acompanhamento do aluno será feito pelos tutores presenciais e a distância com planilhas de acompanhamento de freqüências presenciais na unidade bem como de freqüência a distância pelas ferramentas de TI quando o aluno acessar os conteúdos do Blog.
As avaliações serão atribuição dos tutores presenciais e a distância dependendo da natureza da atividade. Esta tarefa será realizada com o suporte do docente responsável pela disciplina. Exemplo: Gabarito da Avaliação presencial.
Conteúdo e Avaliação em EAD
O profissional responsável pelo desenvolvimento de atividades eficientes em EAD é o design instrucional.
É ele o responsável pela publicação, entrega do conteúdo didático bem como a análise, o planejamento, o desenvolvimento, implementação e avaliação do curso. É o design instrucional que dará ao curso “uma visão transdiciplinar em relação a todas às áreas do conhecimento para atender a perspectiva da diversidade (Alves, 2011, p.1).
Com base no Behaviorismo, Bloom formulou a taxonomia dos objetos educacionais suas diretrizes são a  cognição,  a afetividade, e o  sentido humano (ALVES, 2011). 
Segundo o mesmo autor, a taxonomia no contexto educacional serve para oferecer base para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e utilização de estratégias diferenciadas, estimulando o desempenho dos alunos em diferentes níveis, bem como estimular os educadores a auxiliarem o aprendiz de forma estruturada e consciente para que adquiram competências específicas.
A estrutura da taxonomia abrange seis classes distintas de forma hierárquica: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação.
Filatro (2004) citado por Alves (2011), afirma que Gagné completou o modelo de taxonomia dos objetos educacionais  descrevendo os resultados da aprendizagem em cinco tipos, a saber:
Aprender fazendo;
Estímulo a resposta;
Foco nos resultados;
Decomposição de tarefas;
Transferência.
O design instrucional se valida da taxonomia de Bloom, complementada por Gagné, para realizar uma linguagem comum e padronizada das atividades educacionais a distância.
A EAD está baseada no construtivismo do conhecimento e todo o processo de seu material didático visa permitir a didática desta metodologia de ensino-aprendizagem.
Entre o professor e o aluno em EAD, o material didático é a parte palpável desta relação (POSSARI, 2003 apud ALVES, 2011).
Assim a produção textual de um material em EAD deve ter as mesmas características de qualquer produção textual.
Sendo assim, para o modelo de curso que apresenta-se neste trabalho a saber, Avaliação do Desempenho, estabelecemos:
Objetivo do curso: Levar o aluno a refletir sobre a utilização dos talentos e das competências rumo aos objetivos pretendidos pela organização percebendo a aplicabilidade da avaliação de desempenho.
Conceitos Fundamentais: Conceituar a avaliação do desempenho e suas potencialidades.  Apresentar a administração por Objetivos.  O administrador e o trabalho com objetivos relevantes. Os diversos métodos de avaliação do desempenho. As tendências no processo de avaliar o desempenho das pessoas.
Referencial Teórico-metodológico: aulas através de videoconferência mediada através de chat no pólo presencial  pelo tutor presencial e gravadas no ambiente virtual para disponibilização posterior. Exercícios em classe; atividades pelo ambiente de aprendizagem virtual  de forma individual do estudante denominada de atividade de autodesenvolvimento, atividades colaborativas via fórum,propondo vivências e ou simulações, mediadas pelo tutor a distância. Questionário para o acompanhamento da aprendizagem eletrônico e orientação do aluno pelo tutor a distância tanto em temo real ( através de chat do facebook em horários pré estabelecidos bem como comunicação assíncrona não superior a 48 hs de retorno de resposta.
Situação de produção dos textos acadêmicos/científicos:  
Bibliografia básica: CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 2ª ed. São Paulo: Campus, 2005.
Bibliografia Complementar: PONTES, Benedito Rodrigues. Avaliação do desempenho: nova abordagem. 9ºª ed. São Paulo: LTR,2005.
Circulação do texto e efeitos pretendidos com a produção textual: Apresentar o resumo dos textos com base na bibliografia básica e complementar, devidamente formatados e com as devidas citações e referências bibliográficas dentro do ambiente de aprendizagem, bem como referenciar leituras  de artigos, periódicos, sites, dentre outros, através de links  direcionados para outros espaços virtuais. O ambiente deve promover automaticamente uma organização e padronização que leve o aluno a manter uma ordem dos assuntos estudados de forma crescente.  Por exemplo, através do ícone “ AVANÇAR”.
 Segundo Alves (2011), na mídia social escolhida para o curso deve ser adotado o uso de diversas formas de interação como:
Impressas – por palavras ou figuras;
Som – por voz e musica;
Vídeo – por figuras, som e animação.
Da mesma forma como em um curso presencial, o conteúdo programático do curso deve ser elaborado para levar o aluno a concluir a disciplina em tempo pré-determinado. Exemplo: as leituras e as atividades devem ser desenvolvidas semanalmente pelo aluno através dos ambientes virtuais que terão datas para início e finalização dos cursos.
O design Instrucional deve tornar o conteúdo do curso o mais atraente e dinâmico possível de forma organizada, evitando assim a ausência ou a evasão do aluno, antes do término do curso.
Avaliação em EAD
O ponto de partida para planejar a avaliação em EAD é segundo Souza (2011, p.2), “considerar o aluno como sujeito principal do processo de ensino e aprendizagem”. Será através da educabilidade cognitiva  que a elaboração da avaliação em EAD deve ser definida considerando as particularidades e respeitando o multiculturalismo típico em cursos de oferta a distância.
O processo da avaliação pontual dá espaço ao processo da constante avaliação do aluno, orientando o mesmo a buscar o conhecimento e ser avaliado por isso (SOUZA, 2011).
A disciplina em questão passa a ser avaliada da seguinte maneira:
Através da freqüência do aluno no ambiente de aprendizagem virtual oferecido, bem como suas colocações, comentários e interatividade com o grupo. Neste item cabe ao tutor estimular os alunos ausentes;
Especificar feedback quanto aos  trabalhos de autodesenvolvimento e os trabalhos colaborativos, apontando erros detectados e suas causas, bem como apontar as respostas corretas demonstrando como alcançá-las;
As questões para acompanhamento da aprendizagem devem oferecer feedback de desempenho e nova alternativa de resposta eletrônica;
Aplicar avaliação pontual mediante avaliação presencial na unidade ou pólo presencial, cumprindo as exigências das Leis das Diretrizes e Bases em EAD.
O enfoque da avaliação dar-se-á de forma progressiva e sua classificação será somativa e formativa.
O sistema de avaliação deve também trazer algumas características como: validade, consistência, abrangência, clareza e equidade. Respeitar o estilo individual do aprendiz e basear a avaliação na reflexão e na investigação são tendências pedagógicas na EAD.
Tutoria em EAD
A sociedade da informação busca cidadãos cada vez mais qualificados e capacitados. O aprendizado é hoje uma constante. O cenário da EAD encaixa-se corretamente dentro desta lacuna.
O professor tutor é um novo elemento do processo de ensino aprendizagem a distância, antes não visto na modalidade presencial. Com o avanço das ofertas em cursos EAD, faz-se conexo que os profissionais que queiram ingressar nesta área ou que nela já labutem, entendam de forma clara o objetivo de seu trabalho.
“O processo de intervenção pedagógica na modalidade a distância baseia-se nos sistemas de comunicação didática entre os docentes, tutores e estudantes, por meio do diálogo”( AZEVEDO, 2011, p. 4).
Segundo Aretio (2002) citado por Azevedo (2011), não só os procedimentos adequados para a intervenção pedagógica como também  os métodos de investigação devem gerar teorias e melhorar a prática educacional.
Sendo assim, o tutor deve ir além da docência dos cursos presenciais. Ele precisa dominar as tecnologias da qual se utiliza em sua profissão e manter uma relação de proximidade com o aluno para que este não se sinta só no ambiente de ensino aprendizagem, bem como orientar o aprendiz na construção do seu próprio conhecimento.
Azevedo (2011),cita em seu trabalho, as principais funções da tutoria baseando sua pesquisa nos escritos de Muirhead, apud Sathler (2008):
Manter contato não superficial e regular os alunos;
Exercer o respeito aos integrantes do grupo;
Colaborar para que os alunos enfrentem e encontrem soluções para as suas dificuldades;
Pesquisar constantemente os conteúdos do qual não possua conhecimento completo;
Divulgar e cumprir as regras de relacionamento afável no ambiente de aprendizagem;
Respeitar a confiabilidade, não expondo fraquezas ou erros desmotivadores ao processo de ensino-aprendizagem;
Valorizar sempre, promovendo uma cultura de aperfeiçoamento entre os discentes mais pró-ativos e/ou esforçados;
Ter disposição para aprender de forma contínua com todos os outros participantes dos processos educacionais e compartilhar experiências.
Os tutores devem seguir as interações e as intervenções conforme as istruções contidas no projeto pedagógico do curso (PPC).
O papel do tutor não é o de ensinar e sim o de ajudar o aluno a aprender, criando condições para que o mesmo adquira informações através de estratégias,  auxiliando-o desta forma na construção do seu próprio conhecimento.
Descreve-se aqui as práticas tutoriais no ambiente de aprendizagem conforme AZEVEDO (2011):
Motivar a participação do aluno;
Estimular o diálogo entre os participantes;
Responder  às dúvidas sobre o curso;
Dar feedback sobre as atividades desenvolvidas pelos alunos;
Estar a disposição dos alunos e responder rapidamente sua dívidas ou colocações;
Acompanhar o aproveitamento dos alunos e dar feedback;
Domínio do conteúdo da disciplina;
Sintetizar os comentários entre os participantes via fórum, auxiliando na compreensão da discussão;
Participar dos seminários de capacitação.
Analisar e avaliar o curso e a modalidalidade a distância, buscando contribuir com a melhoria contínua do mesmo
Acompanhar e avaliar o processo de ensino aprendizagem do aluno.
Considerações finais
A EAD pode ser vista como uma modalidade de ensino aprendizagem capaz de expandir o conhecimento através das  novas tecnologias da Informação (TIC’s) e servir como base para a inserção social por ser um meio de comunicação em massa que  explodiu com o avanço da internet.
A complexidade na estrutura pedagógica dos cursos ofertados a distância exige da instituição, bem como da sua equipe multidisciplinar, um árduo trabalho de planejamento e organização, nas escolhas das mídias sociais a serem utilizadas. Os conteúdos dos cursos,  os materiais didáticos apropriados para EAD devem ser fundamentados no construtivismo e a taxonomia de Blom e Gadge se apresentam como diretrizes das estratégias dos cursos em EAD.
A forma de avaliação da EAD também tem suas particularidades frente ao ensino presencial, uma vez que demonstra-se muito mais continuada do que pontual. A tendência de sua forma de avaliação formativa será uma constante.
Por último, mas não menos importante o papel do tutor na EAD, é de extrema importância, pois o processo de ensino aprendizagem nesta modalidade centra-se no aluno. Assim o tutor passa a ser um orientador na construção do conhecimento do aprendiz que precisa segundo Vygotsky, interagir para alcançar conhecimento.
Já Piaget afirma que o processo de construção do conhecimento do indivíduo dar-se-á mediante o processo de assimilação e acomodação.
O tutor deve se direcionar suas práticas no ambiente virtual, no esforço de manter a interação, motivando e estimulando o aluno à pesquisa e a autonomia do seu próprio conhecimento.
Referências
ALVES, Carina. Propostas Metodológicas e Uso das tecnologias em EAD. Diretoria de Extensão e Pós-graduação. Anhanguera Educacional, 2011.
AZEVEDO, Adriana Barroso. Tutoria em EAD. Departamento de Extensão e Pós-graduação. Valinhos, SP. Anhanguera Educacional, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Referenciais de Qualidade em EAD, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12777%3Areferenciais-de-qualidade-para-ead&catid=193%3Aseed-educacao-a-distancia&Itemid=865 acessado em 28/02/2012.
KLIX, Tatiana. Educador quer redes sociais no currículo escolar, 2001. Disponível em:       http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/educador+quer+redes+sociais+no+curriculo+escolar/n1238187320827.html   acessado em 27/02/2012
MATTAR, João. História da educação a distância. Departamento de Extensão e Pós-graduação: Anhanguera Educacional, 2011.
MORAN, José Manuel. Fundamentos, políticas e legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-graduação: Anhanguera Educacional, 2011.
SOUZA, Thais Costa. O processo de Avaliação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-graduação. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2011.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A Qualidade como Mola Propulsora da Educação a Distância

Resumo

Na década de 1990, a educação a distância no Brasil impulsionada pelas novas tecnologias da informação cresceu consideravelmente, forçando o governo a tomar medidas para regulamentar esta prática, o que ocorreu em 20 de dezembro de  1996 com a promulgação da Lei das Diretrizes e Bases (LDB) nº  9.394.  Ao longo desses anos o MEC e os órgão  que regulamentam e inspecionam as instituições educacionais passaram a normatizar cada vez mais estes processos a fim de credenciar as instituições que praticam este tipo de modalidade educacional. Os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância, foram publicados pela SEED e orientam a estruturação a oferta de cursos a distância pelas instituições credenciadas até os dias de hoje. Com base nestes documentos o padrão de exigência mínima pela qualidade frente aos serviços prestados por estas instituições foi definido. Faz-se pertinente reconhecer os fatores que contribuem para um ensino educacional de qualidade com a finalidade de instigar não somente os órgãos governamentais, mas principalmente as instituições de ensino na busca contínua em relação a este atributo. Através da avaliação institucional vista como um instrumento capaz de determinar o desempenho dos serviços oferecidos frente às necessidades dos agentes que integram o processo da EAD, sendo o aluno o agente principal, faz as referencias de qualidade não estarem pautadas apenas nas exigências da legislação vigente e sim na responsabilidade de estruturar a gestão de educação a distância fundamentalmente em qualidade.

Palavras-chave: Referenciais de qualidade em EAD, Gestão em EAD e avaliação dos serviços prestados.

Introdução
            O MEC e os órgãos responsáveis por regulamentar a Educação a Distância (EAD) vêm cada vez mais normatizando procedimentos, tanto operacionais e administrativos quanto pedagógicos, com o intuito de legalizar as práticas e metodologias desta modalidade.
Com a definição dos referenciais de qualidade, a legislação nos últimos anos já consegue apontar alguns caminhos para as instituições que praticam a oferta de cursos à distância. Mas a busca por um padrão de qualidade ainda se coloca como um grande desafio (MORAN, 2011).
Segundo Sartori e Roesler (2005) citados por Roesler (2011), uma vez que o desenho pedagógico diz respeito às definições dos objetivos educacionais das instituições, sua concepção deve ser elaborada após acurada analise, garantindo não só as exigências legais como também a qualidade de seus serviços educacionais. 
            A avaliação institucional analisa os processos de implementação de tais serviços, como um todo, bem como a sua gestão, podendo propor correções ou até mesmo inovações em seus processos visando garantir a excelência dos serviços educacionais (ROESLER, 2011).

Fundamentação Teórica e Discussão

1.1  – O avanço da EAD no Brasil

            Segundo Maia e Mattar (2007), foi a partir de 1990 que as instituições de ensino superior começaram a desenvolver cursos a distância tendo sua estrutura fundamentada nas novas tecnologias de informação e comunicação. 
Mas foi apenas em 1996 que a EAD surgiu oficialmente no Brasil pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Em janeiro de 2002 o MEC criou uma Comissão Assessora para a Educação Superior a Distância, com o objetivo de avaliar as regulamentações do artigo 80 da Lei n° 9.394 (LDB) e verificar as necessidades de mudança nas normatizações e rediscutir as políticas públicas para a área da educação a distância (MORAN, 2011).  
Ainda segundo o mesmo autor, em agosto de 2002 , a comissão assessora decidiu pela indicação de uma nova regulamentação, na forma de um novo decreto,  o Decreto 5.622 de 20/12/2005 que revogava os Decretos n° 2.494 e 2.561, editados em fevereiro e abril de 1988.
Dentre as necessidades de mudanças relatadas pela comissão a necessidade de construir padrões nacionais de qualidade para EAD bem como integrá-la ao planejamento pedagógico por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI, demonstrou a magnitude do desafio em busca do padrão de qualidade  para a EAD (MORAN, 2011).

1.2 – Os Referenciais de Qualidade na EAD

            Segundo Roesler (2011), o conceito de qualidade na gestão educacional visa discutir suas proporções sociais, políticas e acadêmicas independente do ensino ser presencial ou a distância.
Segundo Moram (2011), o MEC e os órgãos responsáveis por regulamentar a Educação a Distância vêm cada vez mais normatizando procedimentos, tanto operacionais e administrativos quanto pedagógicos. Além dos decretos e portarias, importantes na definição do credenciamento de instituições que visam a oferta de cursos a distância, há ainda outros dois documentos que orientam as instituições quanto à oferta desses cursos (principalmente em nível de ensino superior). São eles: os Instrumentos de Avaliação de Cursos de Graduação – Bacharelados, Licenciaturas e Cursos Superiores de Tecnologia (presencial e a distância), e os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância.
Segundo  o mesmo autor, os referenciais de qualidade, inicialmente publicado pela extinta SEED (Secretaria de Educação a Distância), orientou – e ainda orienta – a estruturação da oferta de cursos a distância pelas instituições credenciadas.

1.3 – A Gestão da Educação a Distância

            Para Sartori e Roesler (2005), citada por Roesler (2011), as ações da gestão da educação a distância podem ser identificadas em três grandes grupos: Gestão de aprendizagem, gestão financeira e de pessoas e a gestão do conhecimento. Estas gestões estão interligadas atendendo assim as especificações de uma instituição educacional que  opera a distância.
 Segundo Bates (2001), citado por Roesler (2011), a instituição educacional que pretenda ofertar esta modalidade de ensino precisa apresentar um modelo de gestão de atendimento eficiente e eficaz para os estudantes e professores.
Para isso o atendimento a legislação não é o suficiente. O sucesso de um projeto desta magnitude vem cercado de vários fatores como inovação pedagógica e tecnológica, proposta curricular em sintonia com a sociedade da informação e do conhecimento, gestão descentralizada que preza pelo processo ágil da tomada de decisões, entre outros (ROESLER, 2011).
Destaca-se neste ínterim como fator primordial para o sucesso da gestão a avaliação institucional como ferramenta de tomada de decisão das ações das diferentes áreas dos processos e serviços da educação a distância.       

1.4 – A Avaliação Institucional como Ferramenta de Controle de Qualidade
            Conforme Chiavenato (2004), a avaliação é um processo natural do ser humano e está presente nas organizações.
“É nas etapas das diferentes áreas da gestão pedagógica, acadêmica ou administrativa que se desenvolve um ensino de qualidade” (ROESLER, 2011).
Portanto, a avaliação precisa ser prevista dentro dos moldes da gestão educacional, assim a coleta dos dados e os indicadores de desempenho podem ser formulados de forma a propiciarem uma visão geral de todos os setores institucionais bem como da atuação do docente.
Tem-se duas perspectivas de avaliação institucional no Brasil, uma exigida pelos órgãos de regulamentação e supervisão legais e a outra pela própria instituição, como prática para avaliar seus sistemas e processos, chamada de autoavaliação institucional. “[...] a avaliação do curso deve estar alinhada com os objetivos de aprendizagem e ser um processo contínuo” (PALLOF e PRATT, 2004, p. 118).
A autoavaliação institucional deve assumir um caráter de verificação das necessidades dos agentes que interagem na EAD, sendo o aluno o agente principal.  Portanto sua voz deve ser ouvida, e suas necessidades saciadas como aluno e cliente dentro do processo de ensino-aprendizagem.
Para que haja a oferta de projetos-pedagógicos de qualidade, as práticas educacionais devem enfatizar valores como autonomia, interatividade e fomento à vida em comunidade (OLIVEIRA, 2010).

Considerações finais

As referencias de qualidade em EAD não se limitam apenas a legislação da LDB, dos decretos, portarias, diretrizes que norteiam a regulamentação desta modalidade de ensino.
Por ser a EAD um modelo de gestão educacional que se alinha com as exigências da sociedade atual, mediante sua flexibilidade, sua interatividade, e a autonomia do aprendiz quanto a construção do seu conhecimento, e do papel do tutor como orientador desta construção, faz-se pertinente que as instituições ofereçam cada vez mais um processo de ensino aprendizagem onde a responsabilidade com a qualidade seja amplamente discutida a fim de abranger as dimensões sociais, políticas e acadêmicas.
Assim a gestão educacional nas instituições, estará contribuindo não somente para a produção original do conhecimento por meio da docência, mas também se tornará relevante quanto ao desenvolvimento da sociedade e da plena formação do cidadão, fruto de sua qualidade social e educativa.


Referências
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

MAIA, Carmem e MATTAR, João. ABC da EAD. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

MORAN, José Manuel. Fundamentos, Políticas e Legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.

OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro. Gestão Educacional: novos olhares, novas abordagens. 7. ed. Rio de janeiro: Vozes,2010.


PALLOF, Rena M. e KEITH Pratt. O aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.

ROESLER, Jucimara. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. São Paulo: Anhanguera Educacional, 2011.



sábado, 8 de outubro de 2011

PANORAMA DA EAD NO BRASIL


INTRODUÇÃO
            Com os avanços tecnológicos existentes, a sociedade tem se modificado com grande rapidez. Cada vez mais conectada através das tecnologias da informação e comunicação (TIC), os significados de tempo e espaço mudaram. Hoje é possível estar juntos em espaços e tempos distintos.
            Neste contexto, encontra-se na educação a distância (EAD) uma potente ferramenta de aprendizagem da sociedade. Antes a educação era privilégio de poucos, hoje com o avanço significativo desta modalidade de ensino e das TIC, inclue-se uma parcela da sociedade que antes não teve a  oportunidade de estudar e que a faz atualmente através da EAD (GARRIDO, 2010).
O crescimento explosivo do desenvolvimento da educação a distância no Brasil, impõe a necessidade de regulamentar e normatizar esta modalidade de ensino, uma vez que atuar neste seguimento de mercado não é algo fácil como parece a leigos no assunto.
O movimento do ensino a distância no Brasil data do século XIX, mas somente a partir de 1996 é que o governo passou a tratar o assunto formalmente, implementando o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (MORAN, 2011).
Não se pode negar que há um processo de transição do ensino tradicional. O ensino presencial progressivamente se tornará semipresencial, flexibilizando novas ferramentas de conhecimento que se encontram fora das salas de aula.  A utilização das redes sociais e as tecnologias da WEB 2.0 bem como outras ferramentas tecnológicas que estão por vir, tamanho o avanço de nossos dias, não terão como serem deixadas de lado no processo de aprendizagem (MAIA, 2007).
Faz-se necessário que as discussões em torno desse assunto ocorram de forma efetiva, pelos grupos interessados, em parceria com o governo, reavaliando as exigências e limites impostos frente às tendências de tal modalidade.
  1. Histórico
Várias são as definições de educação a distância (EAD), tamanha a sua complexibilidade. Neste trabalho utilizou-se a definição transcrita por Belloni (2008, p,26.) não desmerecendo as demais:
                                       [Educação a distância] é uma espécie de educação baseada em procedimentos que permitem o estabelecimento de processos de ensino e aprendizagem mesmo onde não existe contato face a face entre professores e aprendentes – ela permite um alto grau de aprendizagem individualizada (CROPLEY E KAHL, 1983).

Independente das definições percebe-se que a separação entre estudantes e professores em tempo e espaço é comum em todas elas. Isto não significa que EAD não possa ter momentos presenciais.
A educação a distância não é algo novo, na história da humanidade pode-se afirmar que EAD tem a idade da escrita. “A partir da invenção da escrita, a comunicação liberta-se no tempo e no espaço.” (MAIA, 2007, p. 21).
Ainda segundo o mesmo autor, efetivamente na história da EAD teremos três gerações  distintas:
A primeira geração surgiu em meados do século XIX, especialmente pelo ensino por correspondência, em função do desenvolvimento dos meios de transportes e comunicação da época. A resistência a cursos universitários nessa geração era muito grande, portanto poucas foram as experiências nesta fase.
Com o acréscimo de novas mídias como a televisão, o rádio, as fitas de áudio, o vídeo e o telefone, surge a segunda geração da EAD.   Já nesta fase diversas experiências pedagógicas foram realizadas e o interesse pela EAD cresceu principalmente pela influência do modelo da Open University.
O desenvolvimento explosivo das tecnologias de Informação e comunicação em 1995 foi o marco da terceira geração da EAD, com uma forte ruptura, como nunca antes vista na história da educação.
Maia ainda cita na mesma obra que, o desenvolvimento da EAD no Brasil seguiu a priori os mesmos passos do movimento internacional, mas as experiências realizadas não foram suficientes para quebrar os paradigmas e preconceitos que permeiam este modelo de ensino e aprendizagem em nosso país. O processo da EAD no país foi adiado frente o avanço mundial.
A cibercultura, com seu “ciberespaço”  descrevem e delimitam o espaço virtual da comunicação onde podemos interagir virtualmente em nossa vida cotidiana. (BELLONI, 2008).
Desta forma, caminha-se cada vez mais em direção a remodelagem de nossa cultura, não somente em nosso dia-a-dia como também na educação brasileira. A visualização de um futuro de modelos mesclados, maior interatividade, e  a progressiva caminhada dos cursos presenciais para  semipresenciais, demonstram as tendências futuras. A análise dos dados do explosivo  crescimento dos cursos de EAD frente ao crescimento dos cursos presenciais permite tal consideração.
2. Dados atualizados sobre a educação a distância no Brasil
            Segundo os dados  do Ministério da Educação e Cultura (MEC), citado por Maia (2007, p.32), até 2006, o número de brasileiros matriculados em cursos de EAD somavam 2.279.070 pessoas. Havia 256 instituições credenciadas pelo Sistema de Ensino, para ministrar a EAD no Brasil.
            Segundo  a Abraed 2007, citado por Maia (2007, p.33) o  quadro comparativo a seguir demonstra o crescimento da EAD no Brasil:
Quadro 2.4 – Número de alunos por tipo de curso e nível de credenciamento (2005-2006).
Tipo de curso/credenciamento
2005
2006
Graduação, tecnólogo e pós-graduação
300.826
575.709
Educação de Jovens e Adultos (EJA), fundamental, médio e técnico – Credenciamento estadual
203.378
202.749
Total
504.204
778.458
Podemos concluir que a EAD anteriormente limitada a um campo de atuação dos núcleos de Educação a distância (Neads) ou a laboratórios de pesquisa das Instituições de Ensino Superior (IES), atualmente cada vez mais aparecem institucionalizadas pelas universidades (MAIA, 2007).
3. Justificativas legais a partir das regulamentações existentes.
            O desenvolvimento da Educação a distância no  Brasil, teve seu início, propriamente dito em 1904, quando a EAD era feita por correspondência. Mas apenas em 1996,  o governo passou a se interessar em formalizar tais relações já existentes, e converte o tema em objeto formal através do artigo 80 da Lei 9.394 – Lei das Diretrizes e Bases que determina: a necessidade de credenciamento das instituições, a regulamentação dos requisitos para o registro dos diploma pela União e disciplina a produção, o controle e a avaliação dos programas de educação a distância, e referencia uma política de facilitação de condições operacionais para apoiar a sua implementação (MORAN,2011)
            Deste trabalho surgem  vários Decretos,  Portarias e Resoluções formando desta forma o conjunto dos instrumentos que indicariam os procedimentos que deveriam  ser adotados pelas instituições para obter o credenciamento do MEC e ofertarem cursos à distância.
            Com a Portaria 2.253, publicada pelo Ministério da Educação, em 2001, passa a ser permitida às universidades, centros universitários, faculdades, e cursos tecnológicos oferecerem 20% da carga horária dos cursos  presenciais já reconhecidos , na modalidade a distância. Tal portaria foi atualizada pela Portaria 4.059 de 10/12/2004. (MORAN, 2011).
Todas essas medidas se fazem pertinentes, frente ao crescimento e interesse desta fatia do mercado, atraente e lucrativa. Justifica-se desta maneira, a necessidade do credenciamento das instituições que tenham sustentabilidade financeira para investirem em TIC, em equipes multidisciplinares competentes e comprometidas bem como com o interesse em praticar a EAD com qualidade de ensino, contribuindo assim para a qualificação profissional da população brasileira, fomentando o crescimento sócio-econômico de nosso país.
4. Conclusão
É dever governamental avaliar frente a regulamentação existente a qualidade dos ensinos a distância mediante os instrumentos de avaliação dos cursos de graduação,e do Instrumento de referências de qualidade para educação superior a distância.
Dever maior é reavaliar tal legislação frente as constantes mudanças no cenário brasileiro e as reais necessidades educacionais.
Sathler (2008) cita que a Lei 9.394  fundamentou-se em 1996 , e o Decretos 5.622 que  regulamenta tal Lei foi publicado em 2005, demonstra-se desta forma  que tais regulamentações encontram-se ultrapassadas, levando em conta as mudanças dos cenários brasileiros ocorridos até o momento.  
Ainda segundo o mesmo autor, a organização de discussões relevantes, de forma construtiva e aberta junto aos interessados no processo de ensino a distância (governos, instituições públicas e privadas e especialistas na área) faz-se pertinente na busca de um consenso entre os interessados no processo, revendo exigências e limites atualmente impostos por tais instrumentos, onde resulte no fortalecimento da modalidade no país.
Referencias:
BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 5. ed. Campinas, SP: Autores associados, 2008.
GARRIDO, Suzane. Objetos de Aprendizagem, Educação de Jovens e Adultos. 2010. disponível em: http://www.inf.pucminas.br/sbc2010/anais/pdf/wil/st03_02.pdf. acessado em 05/10/2011.
MAIA, Carmem. ABC da EAD: Carmem Maia e João Mattar. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MORAN, José Manuel. Fundamentos, políticas e legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.
SATHLER, Luciano. Referenciais de qualidade para a educação superiora distância: Desafios de uma caminhada regulatória. 2008. disponível em: http://pead.ucpel.tche.br/revistas/index.php/colabora/article/view/3/3 acessado em 08/10/2011.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Experiências e Reflexões

Ao longo de nossas vidas somos cercados de novos desafios.
Os desafios nos levam às experiências. Tais experiências nos dirigem às novidades e essas por sua vez nos surpreendem.

Foi exatamente assim que me senti  a ser desafiada a criar um blog direcionado para assuntos em EAD.

Logo eu, que sou da geração X  e com preferência ao anonimato, postar minhas reflexões e pensamentos na web?

Comecei tímida  lendo os textos em blogs  ligados ao assunto. Não que eu já não tivesse esta prática, mas nunca postei comentários e participei de discussões. Os primeiros comentários foram aqueles que parabenizam o blog pela postagem dos assuntos ou  aqueles que  concordam com uma parte do texto, sabe como é? Com o desenrolar da brincadeira, meus comentários ficaram mais profundos e a construção do conhecimento começou a tomar corpo: agora mais amadurecida as discussões me levaram a reflexão.

Foram muitos os temas lidos. Destas leituras destaco quatro: Educação Não é Fast Food, onde o prof. Mattar explica de uma forma muito interessante a posição dos profissionais de assistência social; A Tutoria e Interação em Educação a Distância, que fala da necessidade de reflexão do papel dos professores e tutores frente as novas tecnologias; A Universidade Virtual em 3 D e o IV Seminário de Jogos Eletrônicos, Educação e Comunicação. Nestes dois últimos posso realmente dizer que minha postura como mãe se alterou.

MÃE? É isso mesmo.

Qual a mãe que gosta de ver seu filho adolescente horas jogando em seu quarto com os amigos que são virtuais?

E quando esse filho diz que quer ser programador de games?

Eu não sou diferente. Mas quando aprofundei-me neste assunto dei-me por  vencida...

Os jogos e os ambientes virtuais são uma tendência.  As brincadeiras de rua já a muito não são as mesmas. Nossos jovens são nativos das tecnologias de informação. Eles nasceram e fazem parte deste "mundo virtual".

Como games é um assunto que atrai a garotada , mostrei ao meu filho as aplicabilidades dos jogos eletrônicos para a educação e vi no seu rosto aquela satisfação de ter aulas num ambiente mais dinâmico e interativo. Ele foi atraído pela ideia e finalizou respondendo:

- Quer dizer que agora, além de vir a ser programador de games, posso desenvolvê-los para a educação?

E eu respondi:

- Pode sim, filho.

Quem diria? Na construção do meu próprio conhecimento mudaria de lado. Não é mesmo?

Surpreendente!!!

Clique no vídeo abaixo e veja de uma forma criativa a evolução dos jogos eletrônicos

sábado, 10 de setembro de 2011

A Construção do Conhecimento e EAD

As características da sociedade atual, são baseadas na informação e no conhecimento. Tal sociedade  define um novo modelo de empregabilidade, onde o trabalhador  se apresente multicompetente e multiqualificado, pronto  a se adaptar as novas situações bem como a aprender de forma continuada.

Hoje agrega-se valor as pessoas com formação nexialista, ou seja, profissionais que não detém todo o conhecimento mas que  na necessidade deste, pesquisam, aprendem e  transformam em conhecimento  tais fonte de avaliação.

A EAD contribui grandemente na formação destes profissionais, uma vez  que uma das habilidades do aprendiz virtual é a aprendizagem autônoma. As experiências do aluno são aproveitadas como recursos, desenvolvendo diferentes abordagens em seu aprendizado, não estando  ele restrito apenas ao ensino da sala de aula mas ampliando seus horizontes através das tecnologias da informação. Neste processo de ensino e aprendizagem o aprofundamento dos assuntos passam a contribuir para a construção do conhecimento do aluno em EAD.



Sabemos que hoje o conceito de aprendente autônomo ainda é exceção no universo das universidades sejam elas abertas ou  convencionais.

A heutagogia é um processo de aprendizagem que se encaixa dentro da EAD . Sendo esta uma progressão natural da pedagogia (ensino de crianças) e da andragogia (ensino de adultos) a heutagogia  considera a necessidade de rapidez no ensino bem como é definida como o estudo da autoaprendizagem autodeterminada.

Promovendo e incentivando a educação autônoma a heutagogia  promove a reflexão pessoal, a interação com os outros e a valorização das experiências.  O educador neste contexto passa a ter um papel de facilitador na construção do conhecimento e da aprendizagem do aluno mas jamais deve ser  eliminado. Indo além, a aprendizagem autônoma  é centrada no aprendente, deixando este de ser produto  ou objeto do processo de aprendizagem para ser o sujeito ativo, gestor de sua educação.

Uma vez que o foco na autoaprendizagem é o aluno, necessitamos lembrar que cada pessoa é um ser único, onde cada indivíduo tem seu próprio modo de fazer as coisas, bem como cada pessoa tem seu próprio ritmo e estilo para aprender. Desta forma, para  alcançar melhores resultados de aprendizagem ,estas diferenças devem ser respeitadas.



Segundo Renner (1995) a tendência que prevalece em EAD ainda é o processo onde o aluno é considerado matéria-prima do processo de ensino aprendizagem, o professor o trabalhador e a tecnologia a ferramenta. Os modelos fordistas, neofordistas e pós-fordistas se encaixam nesta tendência, mesmo sendo o neofordismo e o pós-fordismo associados à idéia de uma administração descentralizada, democrática e participativa ainda estamos aquém do modelo apropriado para saciar as rápidas mudanças no cenário atual.

Dentro de tal necessidade cabe-nos  pensar na realidade de antever um cenário futuro uma vez que não param de surgir novas tecnologias como computadores portáteis, streaming de áudio e vídeo, podcasting dentre outras ferramentas tecnológicas como Web 2.0 e Redes Sociais, hoje já amplamente difundidas nos ensinos EAD.



Com o rápido avanço das tecnologias da informação houve uma grande evolução das possibilidades destas ferramentas para a educação em nossos dias.

Os  PLEs (Personal Learning Environments) ou a  construção de ambientes pessoais de aprendizagem, permite ao aluno organizar seu ensino escolhendo o conteúdo dos assuntos dentro de sua área de interesse e seu estilo de aprendizagem.

Já os Mundos virtuais 3D estão sendo utilizados como plataformas de educação, como o Second Life.  Estas  agrupam e organizam as informações em função dos interesses destes usuários sem as buscas. Até mesmos os games passam a ser focados como possíveis utilizações em educação, trazendo  uma forma descontraída de aprendizado.

E os dispositivos móveis ? Celulares, PDAs, notebooks, redes sem fios, tablets...

Não podemos esquecer dos recursos educacionais abertos que também trarão um grande impacto na educação superior.

Temos ainda, uma longa caminhada, na mudança de  tais modelo prevalecentes em nossas instituições de ensino para um modelo mais voltado ao conectivismo, frente a grande variedade de recursos tecnológicos existentes.

Cabe portanto aos profissionais e amantes em EAD, bem como as instituições de ensino, reavaliarem seus modelos, buscando aqueles que melhor  se encaixam para propiciar uma compreensão profunda do conhecimento  do aluno, sendo este último capaz de adquirir tais conhecimentos e aplicá-los nas mais diversificadas e novas situações ao longo de sua existência.

Fonte:  BELLAN, Zezina. Heutagogia: aprenda a aprender mais e melhor/ Zezina Bellan. Santa Bárbara     d'Oeste, SP: SOCEP , 2008.
             BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância: 5.ed. Campinas,SP: Autores associados, 2008.
             MAIA, Carmem. ABC da EAD/ Carmem Maia e João Mattar. São Paulo: Pearson Prentice Hall,      2007.
            ROSINI, Alessandro Marco. As novas tecnologias da Informação e a educação a distância. São Paulo: Thomson Learning, 2007.